terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Círculo Mágico da Velha Bruxaria


Velha Bruxaria, certo? Não é a Moderna.
Ok, let's go!

Ao nos aproximarmos de um velho círculo mágico, a primeira coisa que nos chama a atenção é algo semelhante a uma trave de futebol, a nordeste do círculo.

Essa "trave" é um trilithon, feito de três estacas bifurcadas, de carvalho, freixo e espinheiro ("oak, ash and thorn", tb chamados a Tríade das Fadas). A estaca de freixo representa a Deusa, e está colocada perto do Norte. A estaca de carvalho representa o Deus, e está colocada perto do Leste. A estaca de espinheiro é o Guardião que guarda o Portal do Círculo. Esse trilithon de estacas marca os limites do Portal do Círculo. Por que a Nordeste? Porque existe uma corrente de energia da Deusa, magnética, que percorre o planeta de Norte a Sul, e uma corrente de energia do Deus, elétrica, que percorre o planeta de Leste a Oeste. Por isso, colocamos o Portal no meio, a Nordeste.

Entremos no círculo. Num canto, ao Norte, está o altar. Ele chega até a cintura, para que a pessoa não tenha de se curvar ao oficiar. Sobre esse altar, temos um crânio (que pode ser de gesso), representando The Great Unmanifest/ The Source of All Things que, nesse universo, se manifesta como a Deusa e o Deus (qualquer dúvida, consulte Grimassi, "Witchcraft, a Mystery Tradition"). Sobre esse crânio, que tb é símbolo do Outro Mundo, temos uma vela, que, dependendo da época do ano, será vermelha ou preta. Mais pra nossa direção, temos uma estátua da Deusa (tendo ao lado uma vela vermelha), e uma estátua do Deus (tendo ao lado uma vela preta). Entre os dois e mais pra nossa direção, temos um caldeirão-incensário, que representa o útero da Deusa. O simbolismo é o seguinte: nossa alma vem do Outro Mundo (o crânio), através da união sexual da Deusa e do Deus, e chega aqui pelo útero da Deusa.
Sobre o altar, tb estão os Nove Instrumentos Mágicos da Bruxaria, cuja origem é o culto de Mitra. Uma influência de quando os soldados romanos, que eram quase todos devotos de Mitra, chegaram às Ilhas Britânicas.

No altar, tb está uma caixa de cedro, para os Colares do Renascimento, usados pelas mulheres. Cornalina para uma bruxa de primeiro grau, cornalina e âmbar para uma bruxa do segundo grau, âmbar para uma bruxa do terceiro grau, âmbar e azeviche para a Magistra do coven e azeviche para a Witch Queen. Esses colares podiam ter 40 ou 70 contas. O colar representava o Círculo do Renascimento. O Colar do Renascimento é um colar dado pelo deus à Deusa no Samhain, quando eles se apaixonam pela segunda vez (a primeira foi em Beltane) e trocam seus mistérios. Ele dá à Deusa o Colar do Renascimento e ela ensina a ele o mistério do Caldeirão do Renascimento. 

Marcado nesse altar, temos o símbolo de um XIII estilizado, o Símbolo da Bruxa.
De costas apoiadas no altar, se sentaria o Bardo, tocando o Tabor (que é o nome Wiccan do tambor), quando fosse apropriado.

Agora vejamos o centro do círculo. Às vezes podia-se colocar um caldeirão, ou, em Beltane, um Maypole feito de bétula. Na maioria das vezes, no centro do círculo estaria uma estaca bifurcada (a maneira de confeccioná-las pode ser encontrada em "Scottish Witchcraft"). As funções dessa estaca eram levar para cima a energia da Terra e direcionar o Cone do Poder.
Caso alguém fizesse algo muito errado no coven, e depois de passar por um Julgamento pela Espada (citado em "Feitiçaria, a Tradição Renovada") fosse considerado culpado e a Magistra decidisse expulsá-lo do coven, esse alguém seria amaldiçoado formalmente, e para isso se dançaria widdershins em torno de uma estaca de abrunheiro, que levaria para o "lado negro da Força" qualquer energia direcionada à estaca.

Agora olhemos para o chão. O círculo mágico pode ter o chão limpo, ou poderiam ter sido feitos nele desenhos com farinha. Esses desenhos podem ser encontrados em "Scottish Witchcraft". Um outro desenho que poderia ser usado era o símbolo da Roda do Ano. Se você olhar no "Book of Signs" de Rudolph Koch, vai ver um símbolo de significado desconhecido, "from an old french calendar". Aquela é a Roda do Ano.

Também poderia ser usado o símbolo do coven, desenhado no chão com farinha. Se uma mulher estivesse no período de "sangue da Lua" (ou "claret vermelho das Fadas", que é outro nome pra isso), usaria um colar de coral vermelho em honra à Senhora do Oceano de Sangue. Isso porque quatro são as pedras sagradas da Bruxaria: cornalina, âmbar, azeviche ("âmbar das Bruxas") e coral vermelho. Essas quatro pedras estão associadas às cores das quatro direções. Antes de serem usadas as cores vermelha, amarela, azul e verde, usavam-se as cores vermelha, branca, cinza e preta, associadas às cores do céu (se quiser saber mais sobre isso, procure no verbete "As quatro Airts" da Enciclopédia de Bruxaria de Doreen Valiente). O uso dessas cores para as direções, assim como o Drawing Down the Moon, tiveram sua origem em Creta.

Quando as pessoas chegarem a este círculo, talvez o Magister esteja usando uma indumentária especial, composta de uma galhada de cervo, colar, avental frente-e-verso de pele de cervo e botas (as botas são influência dos Mistérios Dionisíacos). Ou se vestirá de preto, assim como a Magistra. Os Quadrantes se vestirão de preto, cinza, branco e vermelho. O Mensageiro/Homem de Preto se vestirá de preto, e o Far Darrig/Homem Vermelho estará vestido de vermelho. Os restantes estarão de branco. A Witch Queen e o Magus, se estiverem presentes, estarão de branco, e deverão ser colocados tronos para que eles estejam sentados quando as pessoas beijarem suas mãos. O Conselho dos Elders tem o poder de eleger uma Magistra ou destituí-la antes do fim do mandato de 7 anos (novato não vota). A Magistra está submetida a um código de leis, pode eleger o próprio Magister e toma todas as decisões sozinha. No entanto, um condenado no Julgamento pela Espada poderia apelar para a Witch Queen e, se esta o absolvesse, a Magistra deveria acatar a decisão da Witch Queen.

Os açoites de seda serviam para purificar a aura e para induzir ao transe por meio do tédio. Não era pra causar dor, era pra ser bem suave e causar tédio. Em seu cabo estaria gravado o símbolo do açoite, que é um "cifrão" com uma, duas ou três barras, e esse seria o símbolo a ser gravado no túmulo da Bruxa após sua morte. Depois da purificação, todos adequadamente vestidos ou adequadamente nus (Gardner criou o termo skyclad para a nudez ritual, mas a nudez ritual já existia entre as Bruxas antes dele), se o clima estivesse propício, e todos com as insígnias dos cargos que ocupassem, os homens com jóias apenas de ouro ou cobre (se fosse reunido um círculo só com homens, todos deveriam usar exclusivamente prata, para dar uma equilibrada na energia) e as mulheres com jóias apenas de prata ou cobre (além dos colares de pedra), se posicionariam no círculo alternando homens e mulheres. (Os procedimentos de formação do círculo e saudação à Magistra foram omitidos nessa descrição). Caso fosse feita uma Dança Espiral, ela seria conduzida por um homem, que deveria mancar enquanto fizesse isso, representando o Deus Aleijado. Depois do Sabá, teríamos Bolos e Vinhos, com um obrigatório churrasco de carneiro e, na mesa do banquete, não haveria saleiro. Isso porque o saleiro era indicativo de hierarquia social, e sua ausência mostrava que as diferenças sociais do mundo exterior não se aplicavam ali.


Imagine ainda que esse coven tivesse um ritual para transformar um crânio em receptáculo de espíritos e interrogá-los. Um ritual desse tipo pode ser encontrado em "Feitiçaria, a Tradição Renovada", de Evan John Jones e Doreen Valiente. (Só tome cuidado, porque raramente um espírito diz alguma coisa que preste; provavelmente, o espírito vai querer zoar com a sua cara. É algo perigoso de se fazer.) Imagine também que esse coven usasse sexo ritual (no maior respeito). Para aqueles que apenas desejam turbinar a vida sexual, recomendo deixar de lado a Magia Sexual e ir direto ao Kama Sutra. Magia Sexual é um troço meio chato.

A cor de luto das Bruxas é o branco.
Por fim, gostaria apenas de lembrar que o fato de UM coven medieval fazer tudo isso não significa que todos, necessariamente, fizessem a mesma coisa.

Fonte: Nadia Betolazzi em Abrwicca

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