quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Um Quê de Negritude: África - Brasil
O tom da nossa cor resplandece a luz do sol e nas águas tranqüilas enxergamos nosso passado de lutas e conquistas. Nós somos um som que ecoa pelo tempo e que dia após dia não nos deixa esquecer quem somos e de onde viemos.
Somos essa negritude miscigenada num arco-íris de gente, somos a fé além fronteiras, as paisagens do concreto e do verdadeiro real. Somos o coração do mundo e em seu reinado demonstramos nosso valor. Somos um povo que celebra a vida e nossa alegria contagia o arredor.
Somos uma raça de sangue livre, com um diferencial em forma de nossos conhecimentos. Por isso a nossa raça negra, branca e mestiça, criada ao som de batuques e tambores incandescentes, demonstra o que temos de melhor. E essa cultura está em tudo, está no corpo, na alma, esta na mente, em todo o povo brasileiro... E esse é o nosso Axé!!!
( Felippe Bernardo, Liliane Guilherme e Kenízia Teixeira)
sábado, 10 de julho de 2010
Querer é Varrer!
Uma vassoura é um instrumento de poder e levando em consideração essa dádiva sabemos também que sua função principal é varrer. É um instrumento que move as coisas, porém ela não faz esta ação sozinha. É necessário que haja uma mão que a movimente e exerça esta ação sobre ela.
A vassoura por si só não varre o lixo. Esse lixo são todas as coisas negativas do mundo que direta ou indiretamente nos atinge. Essa vassoura é o nosso conhecer, porque conhecer é poder. Conhecer o problema, o empecilho, é uma dádiva que todos nós temos alguns ativos, outros apenas adormecidos.
Essa ação de movimento é o nosso querer de mudança seja lá qual for a situação, e não basta apenas possuir a vassoura, o querer é que realmente faz a diferença e assim afastará de si ou do ambiente que se encontra tudo aquilo que não se deseja. O que é bom ou ruim nós temos conhecimento, o que realmente nos falta é o querer.
Muitas pessoas alegam que não fazem essa varredura porque não sabem como, só que não há grandes mistérios que nós não já saibamos. Qualquer movimento que se faça com uma vassoura, seja no chão, seja no ar, o efeito de varrer será executado havendo coisas no espaço visível ou não.
Então sejamos a mão que move a vassoura! Rompendo todas as adversidades do cotidiano, pois serve para todos os seguimentos de nossas vidas: Sentimental, familiar, etc.
Sabendo varrer pode ser uma forma de dissipar e se livrar do problema, deixando bem claro que não se trata de mover apenas, e sim exterminar aquilo que não se quer para que não mais venha a aparecer diante de si, afinal tudo aquilo que se move com a vassoura vai para o lixo e não volta e o querer e fundamental para tal feito. Uma vassoura sem essa mão por trás é ineficaz, por isso que ela é especial perante outros instrumentos que requerem uma habilidade maior.
Sejamos então mais uma vez essa mão que move a vassoura! Se nos apegarmos simplesmente ao fato de já conhecermos o problema e não existir a vontade de reverter à situação, esse lixo vai se acumular de uma forma tão rápida que afetará não só a você como a que estiver a sua volta. Por exemplo, sua casa: Se não houver uma varredura diária o lixo irá acumular e incomodará a todos. Assim são os sentimentos destrutivos e a negatividade em geral quando não existe o querer de mudança, então, é imprescindível que se tenha essa atitude pensando em si e para o bem comum.
Há ainda pessoas que possuem o conhecimento e a querência, (a vassoura e a mão que a move), porém, utilizam da técnica errada. O normal seria dissipar o lixo só que essas pessoas preferem varrer para debaixo do tapete. Isso não seria dissipar e sim camuflar o problema e não deixaria de estar presente. E na maioria dos casos alguém sempre descobre e esse problema volta à tona.
Sem mencionar que nesse período em que o lixo esteve embaixo do tapete, outros resíduos se acumularam e que provavelmente se somará a outros resíduos formando uma imensa bola de negatividade, um ciclo vicioso.
As pessoas preferem camuflar sentimentos, relevar atitudes e acabam acumulando esses tipos de pensamentos que se somam a outros nesse ciclo, desviando-as do equilíbrio natural. Nada é tão fácil, é verdade, leva tempo, embora varrer seja uma atividade rápida a depender da quantidade de resíduos e do ambiente, pode se tornar exaustivo, daí o hábito de varrer para debaixo do tapete, ou seja, dá trabalho, por menor que seja o terreno. Mudar dá trabalho e as pessoas têm uma certa preguiça e é isso que as fazem ficar estagnadas na negatividade. Talvez quando trabalho passar a ser sinônimo de moleza as pessoas nos mostrarão esforço para ter a ação da mudança, do contrário continuarão no ciclo vicioso. E assim como dizem que conhecimento é poder, eu digo: Querer é varrer!
D'anjelo Terah
quarta-feira, 5 de maio de 2010
RENANTIQUE- MUSICA MEDIEVAL E RENASCENTISTA
COM 13 ANOS DE PESQUISAS E EXECUÇÃO DA MUSICA MEDIEVAL E RENASCENTISTA O GRUPO RENANTIQUE ESTÁ COM LANÇAMENTO DE UM DVD GRAVADO NO PALÁCIO MUSEU OLIMPIO CAMPOS. E NESTE MÊS DE MAIO ESTARÁ COM UMA APRESENTAÇÃO MARCADA PARA O DIA 18/05 AS 18:00 NO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE EM COMEMORAÇÃO A SEMANA NACIONAL DO MUSEU.
ENTRADA FRANCA!
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
UM CONTO DE SAMHAIN
A descida da Deusa. A morte do Deus. O ciclo recomeça. Renascimento.
Lyla sentou-se no chão e olhou para o céu claro, limpo e estrelado. O reflexo da Lua cheia na água
fez Lyla pensar numa pérola. Redonda e branca... mas logo as crianças chegaram, e sentaram ao seu redor, interrompendo seus pensamentos. Sorrindo, Lyla olhou para cada uma deles.
- 'Comecemos? Vou contar para vocês a estória de como o Cornudo se sacrifica todos os anos para garantir força à Grande Mãe, para que esta possa vencer o frio do Inverno. Estão prontos?' As crianças acalmaram-se para ouvir Lyla.
- 'Não foi a muito tempo que aconteceu. O Sol sumia no Oeste, e as aves noturnas já deixavam seus ninhos, umas ameaçando cantar. Debaixo das árvores, correndo para suas tocas, os pequenos animais apressavam-se, fugindo do frio cortante que se faria presente em pouco tempo. Aquela era a época do Cornudo, e só as criaturas mais fortes sobreviveriam a inverno tão rigoroso. O Sol baixou, baixou, até que só se via uma fina linha de separação entre céu e Terra no horizonte, e tudo ficou avermelhado, com um ar mais mágico. E então, a luz se foi. A Lua estava crescente no céu, e um vento gelado começou a correr por entre os troncos seculares das árvores. Ouve-se, agora, o som de uma flauta...som tão límpido e cristalino, que a superfície do lago, antes parada, tremulou ao som da melodia alegre.
Todos os animais da floresta pararam para ouvir o som da flauta, e mesmo as aves noturnas
cessaram seu canto orgulhoso. E por entre as árvores, a flauta se fez ouvida em toda a floresta. E
mais nada, além do som doce da flauta.
Atravessando o lago, um pouco depois do Grande Carvalho, estava a fonte de tal encantamento.
Sentado numa pedra coberta de limo, balançando ao som da flauta de bambu, um ser robusto, com tronco e cabeça de homem, pernas cobertas de pêlo, cascos de cavalo e grandes chifres pontiagudos. Observava a donzela que dançava ao som de sua música, logo à sua frente. Tinha longos cabelos claros, lisos, que escorriam até a altura da cintura. Os fios sedosos acompanhavam os movimentos da dança, pés habilidosos moviam-se descalços sobre a grama. A Deusa nunca havia estado tão bela quanto naquela noite.
Os dois brincavam nus, na noite fria da floresta, e alguns animais se juntavam ao redor da clareira. Cansada, a Donzela sentou-se, e olhando para o Cornudo, esperou que a música acabasse. Quando o Deus afastou a flauta de seus lábios, as figuras dos animais e da Donzela desapareceram ... meras lembranças. A Deusa agora recolhia-se grávida no Mundo Subterrâneo, guardada por seus familiares, pronta para dar à luz dentro de tão pouco tempo.
Era necessário que o Sol Novo nascesse. O Cornudo levantou-se com tristeza e caminhou até o
lago, para observar seu reflexo. Já estava velho e fraco, mas ainda continha grande energia ...
energia necessária para que a Deusa agüentasse o parto que se seguiria em menos de dois meses. Já não podia continuar a viver ... a Terra precisava de seu sangue, e o Sol Novo de sua energia.
Um grito ecoou em sua mente: a Deusa sofria. Aquele era o momento certo. O Cornudo olhou para os céus, e olhando para a mata, despediu-se de sua casa. Tambores rufaram quando Ele ergueu suas mãos e pronunciou as palavras secretas. Houve uma explosão, e Ele desapareceu.
Aqui, numa clareira nas montanhas, já distante da floresta, ouviam-se os tambores de guerra. Uma música rápida e repetitiva tornava o ar agressivo. Também com uma explosão, o cornudo surge no centro do círculo, um olhar decidido em seu rosto.
O Velho Cornudo tinha agora em suas mãos uma adaga ritual, e quando Ele a levantou apontada
para seu peito os tambores cessaram. Cernunnos fechou os olhos, e o momento se fez silencioso ...
aqueles segundos duraram milênios ... O Cornudo levou a adaga a seu peito, e os tambores voltaram a tocar.
Quando a lâmina fria rasgou a carne do Deus, não houve um grito, sequer um sussurro de dor ...
apenas o som do sangue derramando-se sobre a terra. O Cornudo ajoelhou-se, com calma em seu
olhar. Com as próprias mãos, abriu a ferida para que os espíritos recolhessem o sangue.
Quando o círculo tornou-se silencioso novamente, e todos os espíritos partiram, o Deus deitou e
virou-se para as estrelas, e esperou que a paz voltasse a reinar sobre a floresta. Ainda sentia o
sangue escorrendo para fora de seu corpo, e regando o círculo sagrado em que repousaria para
sempre.
E do solo, ou talvez de lugares além das estrelas mais distantes, elevou-se um cântico, murmurado e pausado ... talvez fossem as pequenas criaturas do subsolo, ou ainda as estrelas, despedindo-se de seu Deus.
"Hoof and Horn, Hoof and Horn
All that Dies Shall be Reborn.
Corn and Grain, Corn and Grain
All that Falls Shall Rise Again."
O Cornudo morreu sorrindo, sabendo ser a semente de seu próprio renascimento. E Ele pode sentir sua energia retornando ao útero da Grande Mãe, que agora deixava de sofrer... Os espíritos, então,romperam a barreira entre os dois mundos, e caminharam por sobre a Terra, espalhando o sangue e a força do Deus, para que pudéssemos sobreviver através dos tempos difíceis que se aproximavam.'
Lyla limpou uma lágrima que escorria de seu rosto. As crianças ainda ouviam atentas.
'É por isso que os espíritos vêm ao nosso mundo nessa noite tão escura ... Eles trazem consigo um
pouco do sangue do Deus Cornudo, que só renascerá no Solstício de Inverno. Trazem conselhos,
proteção e promessas de que nos irão guiar durante todo o período escuro do ano. Devemos,
portanto, saudar os espíritos, porque, sem eles, a semente do renascimento não seria espalhada.
Agora vão para a Casa Grande, vamos começar o ritual.'
Lyla deixou que as crianças corressem na frente em direção à Casa Grande. Parou no meio do
caminho, e deixou que seus ouvidos escutassem os sons do além. E de algum lugar chegou aos
ouvidos de Lyla um cântico... 'Hoof and Horn, Hoof and Horn...'
E Lyla caminhou para a Casa Grande.
fez Lyla pensar numa pérola. Redonda e branca... mas logo as crianças chegaram, e sentaram ao seu redor, interrompendo seus pensamentos. Sorrindo, Lyla olhou para cada uma deles.
- 'Comecemos? Vou contar para vocês a estória de como o Cornudo se sacrifica todos os anos para garantir força à Grande Mãe, para que esta possa vencer o frio do Inverno. Estão prontos?' As crianças acalmaram-se para ouvir Lyla.
- 'Não foi a muito tempo que aconteceu. O Sol sumia no Oeste, e as aves noturnas já deixavam seus ninhos, umas ameaçando cantar. Debaixo das árvores, correndo para suas tocas, os pequenos animais apressavam-se, fugindo do frio cortante que se faria presente em pouco tempo. Aquela era a época do Cornudo, e só as criaturas mais fortes sobreviveriam a inverno tão rigoroso. O Sol baixou, baixou, até que só se via uma fina linha de separação entre céu e Terra no horizonte, e tudo ficou avermelhado, com um ar mais mágico. E então, a luz se foi. A Lua estava crescente no céu, e um vento gelado começou a correr por entre os troncos seculares das árvores. Ouve-se, agora, o som de uma flauta...som tão límpido e cristalino, que a superfície do lago, antes parada, tremulou ao som da melodia alegre.
Todos os animais da floresta pararam para ouvir o som da flauta, e mesmo as aves noturnas
cessaram seu canto orgulhoso. E por entre as árvores, a flauta se fez ouvida em toda a floresta. E
mais nada, além do som doce da flauta.
Atravessando o lago, um pouco depois do Grande Carvalho, estava a fonte de tal encantamento.
Sentado numa pedra coberta de limo, balançando ao som da flauta de bambu, um ser robusto, com tronco e cabeça de homem, pernas cobertas de pêlo, cascos de cavalo e grandes chifres pontiagudos. Observava a donzela que dançava ao som de sua música, logo à sua frente. Tinha longos cabelos claros, lisos, que escorriam até a altura da cintura. Os fios sedosos acompanhavam os movimentos da dança, pés habilidosos moviam-se descalços sobre a grama. A Deusa nunca havia estado tão bela quanto naquela noite.
Os dois brincavam nus, na noite fria da floresta, e alguns animais se juntavam ao redor da clareira. Cansada, a Donzela sentou-se, e olhando para o Cornudo, esperou que a música acabasse. Quando o Deus afastou a flauta de seus lábios, as figuras dos animais e da Donzela desapareceram ... meras lembranças. A Deusa agora recolhia-se grávida no Mundo Subterrâneo, guardada por seus familiares, pronta para dar à luz dentro de tão pouco tempo.
Era necessário que o Sol Novo nascesse. O Cornudo levantou-se com tristeza e caminhou até o
lago, para observar seu reflexo. Já estava velho e fraco, mas ainda continha grande energia ...
energia necessária para que a Deusa agüentasse o parto que se seguiria em menos de dois meses. Já não podia continuar a viver ... a Terra precisava de seu sangue, e o Sol Novo de sua energia.
Um grito ecoou em sua mente: a Deusa sofria. Aquele era o momento certo. O Cornudo olhou para os céus, e olhando para a mata, despediu-se de sua casa. Tambores rufaram quando Ele ergueu suas mãos e pronunciou as palavras secretas. Houve uma explosão, e Ele desapareceu.
Aqui, numa clareira nas montanhas, já distante da floresta, ouviam-se os tambores de guerra. Uma música rápida e repetitiva tornava o ar agressivo. Também com uma explosão, o cornudo surge no centro do círculo, um olhar decidido em seu rosto.
O Velho Cornudo tinha agora em suas mãos uma adaga ritual, e quando Ele a levantou apontada
para seu peito os tambores cessaram. Cernunnos fechou os olhos, e o momento se fez silencioso ...
aqueles segundos duraram milênios ... O Cornudo levou a adaga a seu peito, e os tambores voltaram a tocar.
Quando a lâmina fria rasgou a carne do Deus, não houve um grito, sequer um sussurro de dor ...
apenas o som do sangue derramando-se sobre a terra. O Cornudo ajoelhou-se, com calma em seu
olhar. Com as próprias mãos, abriu a ferida para que os espíritos recolhessem o sangue.
Quando o círculo tornou-se silencioso novamente, e todos os espíritos partiram, o Deus deitou e
virou-se para as estrelas, e esperou que a paz voltasse a reinar sobre a floresta. Ainda sentia o
sangue escorrendo para fora de seu corpo, e regando o círculo sagrado em que repousaria para
sempre.
E do solo, ou talvez de lugares além das estrelas mais distantes, elevou-se um cântico, murmurado e pausado ... talvez fossem as pequenas criaturas do subsolo, ou ainda as estrelas, despedindo-se de seu Deus.
"Hoof and Horn, Hoof and Horn
All that Dies Shall be Reborn.
Corn and Grain, Corn and Grain
All that Falls Shall Rise Again."
O Cornudo morreu sorrindo, sabendo ser a semente de seu próprio renascimento. E Ele pode sentir sua energia retornando ao útero da Grande Mãe, que agora deixava de sofrer... Os espíritos, então,romperam a barreira entre os dois mundos, e caminharam por sobre a Terra, espalhando o sangue e a força do Deus, para que pudéssemos sobreviver através dos tempos difíceis que se aproximavam.'
Lyla limpou uma lágrima que escorria de seu rosto. As crianças ainda ouviam atentas.
'É por isso que os espíritos vêm ao nosso mundo nessa noite tão escura ... Eles trazem consigo um
pouco do sangue do Deus Cornudo, que só renascerá no Solstício de Inverno. Trazem conselhos,
proteção e promessas de que nos irão guiar durante todo o período escuro do ano. Devemos,
portanto, saudar os espíritos, porque, sem eles, a semente do renascimento não seria espalhada.
Agora vão para a Casa Grande, vamos começar o ritual.'
Lyla deixou que as crianças corressem na frente em direção à Casa Grande. Parou no meio do
caminho, e deixou que seus ouvidos escutassem os sons do além. E de algum lugar chegou aos
ouvidos de Lyla um cântico... 'Hoof and Horn, Hoof and Horn...'
E Lyla caminhou para a Casa Grande.
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